domingo, 17 de junho de 2007

Das incertezas: ou discurso filosófico moderno sobre a interrogação

[nota anterior à leitura]: Trata-se de um texto denso, se não tiver nada melhor pra fazer, vá em frente. Se quiser entender, leia com calma e de forma a orientar sistematicamente seu pensamento, para que ao final possa ter uma compreensão melhor da problemática e da conclusão final. Não esqueça de considerar, impreterivelmente, a pontuação do texto. Trata-se de um discurso ‘abstrato’, não obstante repleto de argumentações lógicas. Por último, vale ressaltar, esse texto foi escrito por um ser incerto que possui algumas certezas [eu]. Boa leitura.

Ninguém é cem por cento seguro de tudo aquilo que deseja. O próprio funcionamento do cérebro [que não cabe aqui explorar os limites até então estabelecidos pela ciência, restando aqui apenas considerar as publicações mais difundidas e um entendimento genérico sobre esse tema] já explicaria, em parte, a defesa de minha breve argumentação. Um exemplo disso residiria, talvez, na conquista de um sonho, o qual, depois de alcançado deixa de ser sonho, podendo ou não perder o sentido, mas sempre instigando uma nova perspectiva ainda não pensada. Sim, nossas relações sociais são sempre dinâmicas e acompanhadas por uma cognição também mutante. Isso nos leva a ponderar a afirmação supracitada de que ‘ninguém é cem por cento seguro, sempre’. Partindo disso, sou levado a pensar [e aí cabe também considerar a pesquisa da minha amiga Raña (2006)] numa análise do ser a partir da introspecção como método. Muitas coisas que podem ser consideradas certezas estão ancoradas em uma multiplicidade de incertezas, as quais tendem, de alguma forma – e a partir de atitudes racionais –, a tomarem uma forma temporariamente fixa, ao fim, sendo constantemente remodelada e reordenada, sendo assim possível considerar a variável da incerteza enquanto aspecto estruturante do ser. Até aqui tudo claro, né?! Então vamos em frente [...] Ter certeza das incertezas que nos circundam já é o primeiro passo para se pensar o problema a partir das descontinuidades, fazendo com que a partir dessa perspectiva se possa melhor compreender o fenômeno da incerteza que ronda a humanidade desde tempos longínquos e em espaços diversos. Mas pergunto eu, não seria, também a incerteza, uma grande aliada na construção da nossa visão de mundo? Ora, ao pensar nessa possibilidade sou capaz de expandir meus caminhos, seguir e pensar em destinos nunca antes trilhados, os quais podem me levar a grandes descobertas, ou decepções, estas, em última análise, serão também responsáveis por um re-ordenamento da realidade concreta, ou seja, irá influenciar o ser na construção de sua visão de mundo. O ser humano sempre se vê assolado por inúmeras incertezas, as quais emergem, grande parte das vezes, como problemas a serem resolvidos. E os são na verdade. Com efeito, toda incerteza parece-me ser o prefácio de soluções, afinal, ao buscarmos solucionar nossas incertezas [ou problemas, como preferem alguns assim classificar], a partir da ‘análise de possibilidades’, nos colocamos frente a diversos mundos possíveis. Assim, pensando a questão a partir da metáfora de um labirinto, certamente tomaríamos caminhos errados até que achássemos a saída, pois não se conhece de antemão o caminho correto a trilhar. A única certeza, temporal, é que o labirinto tem uma saída [dada à forma como concebemos a categoria ‘labirinto’ em nossa cultura] e que se pode ter, um ou mais caminhos para conseguirmos sair do labirinto. Nesse sentido, importa mais, pensar sobre as incertezas e decidir um caminho para seguir, mesmo que este esteja ‘errado’ [e o erro é relativo]. Vencer a inércia e considerar as incertezas enquanto um mundo possível é entender parte dos complexos caminhos que o cérebro encontra na busca da ausência de dor no corpo e perturbação na alma.

3 comentários:

N.O.S. disse...

Me lembrou isto que está em meus scraps.

"Pense-se na vida como um imenso problema, uma equação ou, melhor ainda, uma família de equações em parte dependentes mas também parcialmente independentes umas das outras... subentendendo-se que tais equações são bastante complexas e cheias de surpresas e que muitas vezes somos incapazes de lhes descobrir as ‘raízes’."

Fernando Braudel

Lucia disse...

Mas nem sempre os labirintos precisam de uma saída, as vezes vivemos dentro deles por toda a vida e isso não significa infelicidade. Nem tudo tem solução e a mágica é esta. O Rei é o tempo.
sinto saudades....

Unknown disse...

esta seria uma looooooonga conversa... deixa pra depois... por hora, fico com o comentário aqui de cima...