segunda-feira, 23 de abril de 2007

Quando me perguntam sobre os símbolos!

Todas as questões que envolvem aspectos simbólicos parecem ser de conhecimento geral, todos têm uma opinião, e ai de você que descorde!!! Então, se todos tem razão, alguma coisa está errada...Já vi até um livro que se chamava “dicionário de símbolos”, mas não concordo muito com isso. Não estou aqui negando as pesquisas alheias, estou apenas questionando o universo semiótico que envolve os símbolos. Nas minhas pesquisas antropológicas, incluindo-se aí alguns métodos e técnicas específicos que não vem ao caso, pude perceber o aspecto que hoje considero mais coerente ao tratarmos os símbolos. Trata-se do relativismo, no qual se considera todo universo cultural em questão, para que posteriormente possamos emitir algum tipo análise. Minha tatuagem, por exemplo, será que posso afirmar que ela é um símbolo que quer dizer “tal” (...) até poderia, mas não é o caso. A representatividade desse símbolo para mim apresenta uma série de significados...e significado nenhum!!! Certa feita, durante uma pesquisa de campo, um Pataxó Hã Hã Hãe me perguntou o que significava o desenho que ele achou “muito grande”...então resolvi fazer um teste com ele e disse: “Não significa nada!”, o índio fez uma cara de interrogação, repetiu minha última palavra (nada) como se não entendesse, e calou-se. Os símbolos representam alguma coisa para alguém, ou podem ser usados apenas em seu aspecto estético, sem que um significado seja necessariamente imposto aquela representação. Esse monte de mato que você vê aqui...pode ser só um monte de mato, pode ser um cemitério, ou para a mãe do índio Galdino pode ser um símbolo que lhe dá forças pra continuar na luta dos Hã Hã Hãe. Aos esporádicos visitantes do meu blog, esse é o local onde está enterrado o índio queimado na rua pelos playboys de Brasília.

Palavras-Chave: Corpo, Vícios Privados, Texturas, Drogas e Perguntas.

Experimentando texturas tomo consciência da fragilidade do corpo. Quando digo ‘corpo’ estou me referindo a uma das mais complexas categorias do entendimento humano, podendo ser compreendia em sua plenitude a partir da própria noção de ‘corpo’ de cada organização social, independente da extensão territorial que estes ocupam. Mas não quero falar sobre coisas de ciência (em outra oportunidade escreverei mais sistematicamente sobre a questão, quase, levantada). As texturas a que me refiro são alguns dos nossos ‘vícios privados’ de todo dia. Seria possível conceber uma vida sem esses ‘pequenos vícios’? Não sei se alguns intelectuais viveriam bem sem o café e o cigarro, por certo, suas produções não teriam o mesmo vigor. Fumar um cigarro e beber um café são atos de prazer. São drogas? Sim. Mas seria ingenuidade dizer que elas não causam prazer, assim como a maconha, a cocaína ou qualquer outra droga que sua visão de mundo lhe permita conceber. Essas ‘drogas leves’, dos intelectuais que falei acima, produzem um efeito sobre o corpo, efeito tão nocivo quando o de qualquer outra substância. Os corpos e seus donos são imperfeitos. Muitas vezes precisam ir ao posto de gasolina, às 00:00h de uma noite de domingo, para sentirem o prazer do alcatrão, da nicotina e de toda aura cognitiva que circunscreve o ato de fumar um cigarro, e ter a quase certeza de uma noite mais tranqüila. Quando eu converso sozinho pergunto para mim se estou cuidando do meu corpo? A resposta é sempre não. Mas eu continuo fazendo a pergunta. Perguntar é sempre uma coisa importante. Foi levantando uma série de questões, muito mais do que as respondendo, que a humanidade chegou a sua configuração atual. Por isso não me canso de pensar nos tais ‘vícios privados’ e continuar me perguntado sobre ‘os usos dos corpos’. Mas, pra pensar melhor, vou ali, buscar um café...

sábado, 21 de abril de 2007

Árvores
As árvores não são felizes.
Elas estão sempre paradas num mesmo lugar.
Seu ar imponente com raízes profundas e toda sua magnitude arbórea se mostra tímida e fraca frente a mobilidade quase que inexpressível de uma pequena formiga.
Mas as formigas também não são felizes.
Elas não são capazes de amar como nós, seres humanos.
Estes, por sua vez, aparentam ser felizes.
Nós, seres humanos,
temos mobilidade
para nos deslocarmos
a qualquer lugar
do planeta.
Podemos amar
intensa e
loucamente,
mas, ainda assim,
não somos felizes.
Não somos felizes
porque sofremos.
Sofremos por estar
longe, sofremos
porque amamos,
porque somos humanos.
Antes fossemos
como as árvores,
certamente
não
sofreríamos.